COREN/AM EM PARCERIA COM ORGÃOS FISCALIZADORES DA ÁREA DA SAÚDE VISITA O CENTRO PSIQUIÁTRICO EDUARDO RIBEIRO

Conselho de Regional de Enfermagem do Amazonas (Coren/AM), em parceria com órgãos fiscalizadores da área da saúde no Estado do Amazonas, realizaram nesta sexta-feira (19), uma inspeção no Centro Psiquiátrico Eduardo Ribeiro (CPER), localizado na Avenida Constantino Nery, 4307, Chapada.

A ação conjunta visa detectar os problemas relacionados ao Centro Psiquiátrico, bem como discutir meios para o tratamento da saúde mental no Estado e especificamente ao Coren em averiguar as condições de trabalho dos enfermeiros, auxiliares e técnicos de enfermagem. Durante a vistoria foram constatadas condições precárias de trabalho, carência de todos os quadros de profissionais, insegurança e improviso.

De acordo com a diretora executiva do CPER, Andrea Costa, atualmente o local conta com 28 leitos dos quais oito são de observação, sendo cinco de observação masculina e três femininas, podendo ser remanejado conforme necessidade de serviço e 20 de internação prévia, dez masculinos e dez femininos.

“ O quantitativo de enfermeiros que trabalham no local não supre a demanda de pacientes que chegam ao Centro Psiquiátrico. Apenas seis enfermeiros, 14 auxiliares e nove técnicos de enfermagem trabalham no hospital”, explicou Andrea.

Para o presidente do Coren/AM, Sandro André Pinto, esse número é muito pequeno e preocupante. “Após essa visita constatamos que os profissionais que lá trabalham são verdadeiros heróis. Encontramos um número de profissionais de enfermagem muito abaixo do que era pra ter, profissionais trabalhando em condições de insegurança. Eles não têm condições de prestar uma assistência com qualidade e segurança. Vimos em uma enfermaria dois técnicos de enfermagem para 18 pacientes, pacientes em surtos. Os profissionais estão colocando em risco a própria integridade física. Relatórios técnicos serão emitidos para as autoridades e órgãos competentes para que medidas cabíveis sejam tomadas”.

A gerente de enfermagem do hospital psiquiátrico, Maria da Graça Martins, explicou que somente a enfermaria e o serviço de pronto atendimento funcionam atualmente, existe um déficit de profissionais de enfermagem, no momento ela trabalha com cinco enfermeiros, os demais encontram-se em desvio de função.

Uma técnica de enfermagem que pediu para não ser identificada, relatou as difíceis condições de trabalho do Centro Psiquiátrico. “As condições aqui são bem precárias, tanto para o profissional quanto para os pacientes. Há muito desvio de função, funcionários doentes devido às condições de trabalho e cobranças. O local precisa de uma reforma geral, faltam medicamentos, alimentação, vestuário. A gente tem 12 horas de plantão, são 11 plantões por mês. Não tem segurança, a gente está sempre passando por agressões físicas”, relatou.

Segundo informações dos próprios funcionários do hospital, enfermeiros e técnicos são agredidos quase todos os dias por pacientes em surto psicótico. O Coren durante a visita recebeu inúmeras reclamações, a falta de reuniões com a direção do Centro Psiquiátrico foi uma delas.

O Centro Psiquiátrico Eduardo Ribeiro é o único com atendimento 24 horas de psicose no Amazonas e possui uma demanda muito grande nos casos relacionados a problemas mentais. Recebe pacientes do Amazonas e interior.

De acordo com o Defensor Titular da defensoria especializada na promoção e defesa dos direitos relacionados à saúde, Arlindo Gonçalves, há um procedimento iniciado em 2017 relacionado à saúde mental.

“Nós temos um procedimento que foi iniciado ano passado especificamente relacionado à saúde mental em razão da crescente demanda de paciente que buscam uma atenção em situação de surto psicótico na defensoria da saúde, e o que a gente verifica na prática é que muitos casos não têm como fazer um encaminhamento adequado. Em 2018 esse procedimento se encontra devidamente maduro, a gente precisa dar um desfecho, realizar algumas inspeções e uma delas é aqui no hospital psiquiátrico para que a gente possa dar prosseguimento ao trabalho que iniciou ano passado”, concluiu.