A enfermagem é uma profissão autônoma e não está subordinada a nenhuma outra, uma vez que todas as categorias da saúde têm atribuições devidamente estabelecidas

Há mais de 20 anos a rede globo, exibe o reality show mais assistido do país, onde reúne pessoas de diferentes cidades, idades e profissões, e nesta edição, dos 22 participantes, 7 são profissionais da área da saúde.


Na tarde da última quarta-feira (18), veio à tona uma pauta que muito fere a enfermagem brasileira. Durante uma conversa na casa onde estão confinados os participantes, o médico Fred Nicácio, lembrou do tempo que era fisioterapeuta, e contou que teria passado por uma situação de racismo onde explicou aos colegas que teria compartilhado sua vontade de realizar o procedimento de intubação com uma enfermeira branca. Na época, a profissional teria dito que o trabalho citado por Fred não seria “para ele”, entendido por ele, como se aquele trabalho não fosse para negros. Passados sete anos, já formado em medicina, Nicácio encontrou a profissional de enfermagem citada por ele, que estava na condição de auxiliar, e neste momento se referiu a ele como “minha enfermeira”, dando a ela a condição de subalterna, por ser enfermeira e médico.


Ambas as profissões demandam profissionais dedicados e bem preparados, todas as profissões da área da saúde têm sua importância para a sociedade e cada uma tem seu papel fundamental. A enfermagem é a maior categoria da saúde e não faz sentido nenhum, que qualquer segmentação que alimente rivalidade entre as classes.


A enfermagem é uma profissão autônoma e não está subordinada a nenhuma outra, uma vez que todas as categorias da saúde têm atribuições devidamente estabelecidas. O Conselho Regional de Enfermagem do Amazonas (Coren- AM) condena qualquer fala ou atitude que vincule a enfermagem a uma inferioridade frente a demais profissões, e reforça a importância do bom relacionamento entre as categorias e quem sai ganhando são os pacientes, portanto ambos profissionais são indispensáveis, cada um na sua área de atuação. Não há como manter estabelecimento de saúde sem a enfermagem, como da mesma forma, sem o trabalho dos médicos e demais profissionais da equipe multidisciplinar.


O que vale destacar nesse cenário, é o papel que a mídia tem ocupado em nossa sociedade, é de informar a população. E ao invés de fomentar “rivalidade” entre as categorias, pode dar visibilidade às pautas de luta da enfermagem, principalmente o Piso salarial da enfermagem, que está em debate há anos, passou por todo um processo de construção e desafios que até hoje estão sendo vividos, porém não tem a divulgação necessária para ganhar a força da população.


A enfermagem trava uma guerra silenciosa, sendo diversas vezes esquecida nos debates da grande mídia, cuja a atuação primordial deveria ser de investigar e alertar posturas pouco éticas. Todavia, a mídia atual não se preocupa em orientar à população, mas, sim em usá-la como “marionetes” para aquilo que for mais lucrativo. Importando-se mais com a audiência deixando muitas vezes, pautas justas de lado, como a busca pelo piso salarial da enfermagem por exemplo, que não teve e não tem o devido destaque em jornais da principal emissora do Brasil.