Em um continente tão diverso como a América, marcado por singularidades culturais e distintas realidades, os serviços de saúde e as equipes de Enfermagem compartilham os mesmos desafios, potencializados especialmente após a pandemia da covid-19. Buscando a superação das adversidades e o desenvolvimento da profissão na região, teve início, nesta quarta-feira (15), no Rio de Janeiro, o Fórum de Regulação da Prática de Enfermagem, com o objetivo de fomentar uma aliança estratégica para o avanço na uniformização e modernização dos marcos de regulamentação profissional.
O evento, promovido pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), pelo Ministério da Saúde (MS), pelo Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) e pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (EERP/USP), reúne representantes de 14 países até amanhã (16). O primeiro dia de programação conta com transmissão ao vivo pela multiplataforma CofenPlay.
Após dar as boas-vindas aos presentes, Betânia Santos, presidente do Cofen, agradeceu a união de esforços para a realização do evento e destacou a necessidade de fortalecimento dos marcos regulatórios dos países americanos. “A regulação da prática profissional é primordial para aperfeiçoar a estruturação dos sistemas de saúde nas Américas e potencializar a atuação das equipes de Enfermagem. A verdade é que não se promove saúde sem investimentos em recursos humanos e, dessa forma, é fundamental qualificar a categoria para garantir a qualidade da assistência e o atendimento ampliado da população, com práticas humanizadas e baseadas em evidências”, afirmou.
O fórum também discute os efeitos da pandemia no exercício da Enfermagem. A chegada do novo coronavírus potencializou os desafios enfrentados pela categoria, linha de frente no cuidado ao paciente. No momento mais crítico, enfermeiros, técnicos, auxiliares e obstetrizes precisaram conciliar a continuidade da assistência com a superlotação de leitos, escassez de EPIs e altos índices de adoecimento dos profissionais.
“Depois do período difícil que vivenciamos, precisamos compreender a política institucional a qual o Brasil estava submetido nesses últimos anos. O Ministério da Saúde se coloca à disposição não só do Cofen, mas de todas as entidades de Enfermagem para encontrarmos estratégias efetivas e sustentáveis para assegurar a valorização e o destaque merecido da categoria”, declarou Bruno Guimarães, representante do Ministério da Saúde no evento.
Início da programação – Após a cerimônia de abertura, teve início o Painel “Regulação da Prática Profissional de Saúde”, com moderação de Silvia Cassiani.
Jean Moore, da Universidade Estadual de Nova York, abordou a efetividade da estrutura regulatória da Enfermagem durante a pandemia nos Estados Unidos. “A crise sanitária que vivemos ocasionou a escassez de mão de obra e impactou dramaticamente os sistemas de saúde, com efeitos nefastos que perduram até hoje. Para superar esses desafios, foram elaboradas diversas estratégias de recrutamento da força de trabalho, voltadas para a promoção de parcerias educacionais e do fomento às residências de Enfermagem”, disse.
Rosendo Pizarro, da Universidade do Chile, tratou dos obstáculos enfrentados na regulação profissional e compartilhou a experiência da Enfermagem chilena. “No campo da saúde, as lutas pela regulação profissional constituem a principal questão em jogo, e influenciam diretamente a estrutura do sistema”, finalizou.